Para o ministro Gilmar Mendes (centro foto), a sessão no Supremo Tribunal Federal que definiu o rito de
impeachment, na qual foi voto vencido nesta quinta (17), foi um “mar de
estranhezas”. Mendes sugeriu que houve "cooptação" do STF.
"Lembra que eu tinha falado do risco de cooptação da
Corte? Eu acho que nesse caso isso ocorreu", disse Mendes em entrevista
exclusiva à Jovem Pan nesta sexta-feira
(18). "Mas isso é ilusório. Porque imagine que diante desse quadro de
grave crise de corrupção, nós vamos ficar fazendo artificialismos jurídicos
para tentar salvar, colocar um balão de oxigênio em alguém que já tem morte
cerebral”, continuou o ministro. Para ele, os 26 líderes de partidos na Câmara
também são cooptados.
Questionado sobre a frase, Gilmar Mendes afirmou ainda que a
Corte passa por um processo de bolivarização: “É claro que há todo um projeto
de bolivarização da Corte. É evidente que assim como se opera em outros ramos
do Estado, também se pretende fazer isso no tribunal e, infelizmente, ontem
(quinta) nós demos mostras disso”. Mendes declarou também que "o tribunal
acabou chancelando uma política fisiológica".
Sobre a questão do poder de decisão do Senado, o ministro
diz que isso já havia sido previsto no caso de Collor, mas a novidade é a
intervenção da Corte: “Em relação à questão do Senado, a competência para
rejeitar a acusação já estava no roteiro elaborado pelo STF com o presidente à
época no senado, Sydney Sanches. A novidade é a intervenção na própria
comissão, que a indicação dos nomes seja dos próprios líderes. (...) Como se a
gente desconhecesse como se opera a liderança nos partidos. São 26 líderes
manietados por cooptação. O tribunal fez isso claramente no sentido de anular a
votação ocorrida na câmara”.
Gilmar Mendes ainda elogiou o ministro Luiz Edson Fachin, que ele afirmou ter muita firmeza de caráter. (Jovem Pan)
Gilmar Mendes ainda elogiou o ministro Luiz Edson Fachin, que ele afirmou ter muita firmeza de caráter. (Jovem Pan)