quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Impeachment: furiosa, Dilma ataca Cunha

A presidente Dilma Rousseff se pronunciou por volta das 20h30 desta quarta-feira sobre a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ, foto), de acolher o pedido de impeachment contra ela. Metade do discurso foi dedicado a cotoveladas em Cunha. A outra, a mentiras - a presidente negou que o Planalto tenha tentado barganhar o arquivamento do documento em troca dos votos petistas a favor de Cunha no Conselho de Ética. Nenhuma frase tratou do mérito do pedido encaminhado pelos juristas Hélio Bicudo, Janaina Paschoal e Miguel Reale Jr.

Ao tomar conhecimento da decisão de Cunha, a presidente se reuniu com seus ministros mais próximos, como Jaques Wagner (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça). Em seu pronunciamento, ela estava acompanhada por onze ministros, inclusive do PMDB, partido de Eduardo Cunha.

Dilma tentou solapar a legitimidade do processo impeachment com o argumento de que Cunha já não tem condições de presidir a Câmara. Em um ataque direto a Cunha, ela afirmou que "não possui bens no exterior" e que "nunca coagiu ou tentou coagir" pessoas. Cunha responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de ter contas secretas na Suíça onde teriam sido depositadas propinas do escândalo do petrolão e foi oficialmente acusado pelo doleiro Alberto Youssef de ter mandado o coagir na CPI da Petrobras.

Ela afirmou que recebeu com "indignação" a atitude do deputado. Dilma disse que a tentativa de deposição não tem fundamento e que o processo que pode levar a seu afastamento do Palácio do Planalto é uma ofensiva "contra um mandato democrático conferido a mim pelo povo brasileiro". A presidente reforçou, assim, o discurso petista, já propalado nas redes sociais do partido, segundo o qual o impeachment seria um golpe contra a democracia. "Não podemos deixar conveniências e interesses inconfessáveis abalar a democracia", resumiu. "[Os argumentos] são inconsistentes. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim", alegou.

Dilma afirmou ainda que nunca autorizou qualquer tipo de barganha entre representantes do governo e o presidente da Câmara. (Veja Online)